Vivendo com fé entre o céu e a terra
O desânimo é uma sombra que, vez ou outra, tenta se estender sobre o coração de todo cristão. Ele não escolhe hora nem lugar, pode surgir após uma oração não respondida, diante de uma porta fechada, ou simplesmente no cansaço acumulado de dias difíceis. E quando ele chega, parece querer apagar a chama do propósito que Deus acendeu em nós. Mas há uma verdade que precisamos guardar: o propósito que vem de Deus é maior que qualquer sentimento passageiro, e o desânimo não tem poder para anulá-lo.
Viver com propósito é caminhar com uma convicção interior de que fomos chamados para algo maior. É saber que nossa vida tem direção, mesmo quando os ventos sopram contra. Mas manter esse propósito vivo exige vigilância, fé e uma compreensão profunda de que estamos inseridos em dois mundos: o espiritual e o natural. O desafio está em equilibrar esses dois mundos sem perder a essência da nossa fé.
No mundo espiritual, somos filhos de Deus, herdeiros da promessa, embaixadores do Reino. Temos acesso à presença do Pai, à sabedoria do Espírito Santo e à graça que nos sustenta. No mundo natural, enfrentamos contas a pagar, relacionamentos complexos, pressões profissionais e lutas internas. E é nesse entrelaçar de realidades que o desânimo tenta se infiltrar. Ele sussurra que não vale a pena, que estamos sozinhos, que o propósito é pesado demais. Mas a Palavra nos lembra: “Não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos” (Gálatas 6:9).
Essa promessa é um bálsamo para a alma. Ela nos ensina que o desânimo é uma estação, não um destino. Que há uma colheita reservada para aqueles que persistem, mesmo quando tudo parece contrário. E que o propósito não depende das circunstâncias, mas da fidelidade de Deus. Quando entendemos isso, começamos a enxergar o desânimo não como um fim, mas como uma oportunidade de fortalecer nossa fé.
Superar o desânimo começa com uma decisão: a de não permitir que ele defina nossos passos. É reconhecer que ele existe, mas não dar a ele o controle. É escolher alimentar a alma com esperança, mesmo quando o coração está cansado. E essa esperança vem da presença de Deus. É nela que encontramos descanso, renovação e direção. O salmista declara, “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei” (Salmos 42:11). Essa é a postura de quem decide não se render ao desânimo, mas enfrentá-lo com fé.
Manter vivo o propósito exige também clareza. Precisamos lembrar por que começamos, quem nos chamou e para onde estamos indo. O propósito não é uma ideia motivacional, é uma missão divina. É o chamado que Deus colocou em nosso coração, seja para servir, ensinar, cuidar, liderar ou simplesmente amar. Quando perdemos essa clareza, o desânimo encontra espaço. Mas quando mantemos os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o propósito se torna mais forte que qualquer obstáculo.
Equilibrar os dois mundos é aprender a viver com os pés na terra e os olhos no céu. É saber que temos responsabilidades aqui, mas que nossa identidade está lá. É trabalhar, estudar, cuidar da família, enfrentar desafios, mas sem perder a conexão com o espiritual. Esse equilíbrio não é fácil, mas é possível. Jesus nos mostrou isso. Ele viveu entre nós, trabalhou como carpinteiro, enfrentou rejeições, mas nunca perdeu a comunhão com o Pai. Ele orava, se retirava, buscava direção. E em tudo, mantinha o propósito vivo.
Para nós, esse equilíbrio começa com disciplina espiritual. Não podemos esperar que o mundo natural nos dê força para viver o espiritual. Precisamos buscar em Deus. A oração, a leitura da Palavra, a comunhão com outros irmãos, são fontes que nos mantêm firmes. Quando negligenciamos essas práticas, o desânimo ganha espaço. Mas quando priorizamos o espiritual, o natural se alinha. Não porque os problemas desaparecem, mas porque nossa perspectiva muda.
Também é essencial cultivar relacionamentos saudáveis. Deus nos criou para viver em comunidade. O desânimo muitas vezes se alimenta do isolamento. Quando nos afastamos, perdemos o apoio, o encorajamento, a correção amorosa. Mas quando estamos cercados por pessoas que compartilham da mesma fé, somos fortalecidos. Um abraço, uma palavra, uma oração, podem reacender o propósito que parecia apagado. A igreja, nesse sentido, é um lugar de cura, de restauração, de recomeço.
Outro ponto importante é aprender a descansar. Sim, descansar também é espiritual. Muitos cristãos estão desanimados não por falta de fé, mas por excesso de carga. Tentam fazer tudo, resolver tudo, carregar tudo. Mas Deus não nos chamou para o esgotamento, Ele nos chamou para a dependência. Quando descansamos, reconhecemos que não somos autossuficientes, que precisamos dEle. E nesse descanso, o propósito é renovado.
Por fim, precisamos lembrar que o desânimo não é sinal de fracasso, é sinal de humanidade. Todos nós passamos por momentos assim. O próprio Elias, um grande profeta, pediu para morrer, tamanha era sua angústia. Mas Deus não o condenou, Deus o alimentou, o fortaleceu e o reorientou. Isso mostra que Deus não nos abandona no desânimo, Ele nos encontra nele. E quando Ele nos encontra, Ele nos levanta.
Manter vivo o propósito é uma jornada. Haverá dias de força e dias de fraqueza, dias de clareza e dias de confusão. Mas em todos eles, Deus permanece fiel. Ele não muda, não desiste, não se cansa. E é essa fidelidade que nos sustenta. Quando olhamos para Ele, o desânimo perde força, e o propósito ganha vida.
Que você, ao ler estas palavras, sinta o Espírito Santo renovando sua esperança. Que o desânimo seja confrontado pela verdade, e que o propósito volte a brilhar em seu coração. Que você encontre equilíbrio entre os dois mundos, vivendo com fé, com coragem e com a certeza de que Deus está com você. E que, em tudo, o nome dEle seja glorificado.
Deus abençoe!